Cuidados paliativos: evolução histórica, definição e princípios

Possivelmente, a comunidade manteve sua atenção voltada a um indivíduo que se encontrava nos últimos momentos de vida em seu leito desde os primórdios da história humana na Terra. Clique nas numerações abaixo e acompanhe uma retrospectiva histórica sobre aspectos do cuidado paliativo.

Há relatos bíblicos e de outras situações isoladas, no entanto, uma forma sistemática de atendimento a esse tipo de paciente só foi registrada após os tempos medievais (CHIBA; SOUZA, 2010).

Os primeiros relatos dessa natureza aparecem na época das Cruzadas. Neste período um enfermo sem perspectivas terapêuticas era abrigado em hospedarias para receber os cuidados necessários oferecidos pelos monges religiosos. Esses locais eram denominados hospices, nome que originou o termo que designa o local de atendimento aos pacientes fora de possibilidades terapêuticas curativas e que também indica a filosofia de atendimento para enfermos que padecem de doenças incuráveis (CHIBA; SOUZA, 2010).

O desenvolvimento moderno de cuidados paliativos aos enfermos sem possibilidade de cura retomou o seu rumo no fim do século 19 até o fim do 20. Um dos grandes movimentos visando à abordagem do cuidado integral do doente, e não da doença, surgiu na década de 1960, no Reino Unido, com o início do desenvolvimento dos cuidados paliativos, o chamado movimento hospice moderno (RODRIGUES; ZAGO, 2009).

A grande guinada deveu-se à enfermeira, assistente social e médica Cicely Saunders, que fundou o Saint Chistopher’s Hospice, na Inglaterra, no ano de 1967, dando uma nova dimensão aos cuidados paliativos. Ela foi pioneira na defesa do cuidado a partir da abordagem centrada no paciente em fase de terminalidade (RODRIGUES; ZAGO, 2009).

O modelo de cuidados paliativos chegou ao Brasil em 1983, no Departamento de Anestesiologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Em 1986, na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, surgiu o Serviço de Dor e Cuidados Paliativos. Em 1989, surgiram o Centro de Estudos e Pesquisas Oncológicas (Cepon), em Florianópolis, e o Grupo Especial de Suporte Terapêutico Oncológico (Gesto) no Inca, no Rio de Janeiro (COSTA-FILHO et al., 2008).