Como a gestante apresenta sinais de alarme, a via de hidratação de escolha é a parenteral e o volume (10 ml/kg/h nas primeiras duas horas) deve ser o mesmo indicado para paciente adulto não-gestante.
2) A gestante, classificada como um possível caso de dengue grupo C, é encaminhada para um leito de observação onde tem material coletado para realização de exames hematológico e bioquímicos e recebe hidratação. Assinale a alternativa que apresenta corretamente a via e o volume de hidratação que devem ser indicados nesta situação:
Deve-se iniciar a fase de expansão da hidratação parenteral com soro fisiológico (NaCl 0,9%) a 700 ml/h nas primeiras duas horas.
Deve-se indicar hidratação oral supervisionada com um volume calculado de aproximadamente 4,2 litros por dia.
Deve-se iniciar a fase de expansão da hidratação parenteral com volume reduzido para gestantes, ou seja, a 350 ml/h de soro fisiológico nas primeiras duas horas.
Como a gestante apresenta sinais de alarme, a via de hidratação de escolha é a parenteral e o volume (10 ml/kg/h nas primeiras duas horas) deve ser o mesmo indicado para paciente adulto não-gestante.
Este é o volume (60 ml/kg/d) indicado para pacientes do grupo A e para aqueles do grupo B com hematócrito normal. Como esta paciente foi classificada como grupo C, a via de hidratação e o volume são diferentes. A indicação da via e do volume adequados são fundamentais para prevenir uma evolução clínica desfavorável.
A via parenteral está adequada, mas o volume indicado está aquém do recomendado. O protocolo do Ministério da Saúde sugere que a gestante com dengue receba a mesma quantidade de volume do adulto não-gestante.
O comportamento fisiopatológico da dengue na gravidez é igual para gestantes e não gestantes. Com relação ao binômio materno-fetal, como ocorre transmissão vertical, há o risco de abortamento no primeiro trimestre e de trabalho de parto prematuro, quando adquirida no último trimestre. Existe também uma incidência maior de baixo peso ao nascer em mulheres que tiveram dengue durante a gravidez.
Quanto mais próximo ao parto a paciente for infectada, maior será a chance de o recém-nato apresentar quadro de infecção por dengue. Com relação à mãe, pode ocorrer hemorragia tanto no abortamento, no parto ou no pós-parto.
O sangramento pode ocorrer tanto no parto normal quanto no parto cesáreo. Neste último as complicações são mais graves e a indicação da cesariana deve ser bastante criteriosa.
A gestação traz ao organismo materno algumas modificações fisiológicas que o adaptam ao ciclo gestacional, que devem ser lembradas:
Quando ocorrer o extravasamento plasmático na grávida, suas manifestações, tais como taquicardia, hipotensão postural e hemoconcentração, serão percebidas numa fase mais tardia uma vez que podem ser confundidas com as alterações fisiológicas da gravidez.
A gestante que apresentar qualquer sinal de alarme ou de choque e que tiver indicação de reposição volêmica deverá receber volume igual àquele prescrito aos demais pacientes, de acordo com o estadiamento clínico. Durante a reposição volêmica deve-se ter cuidado para evitar a hiper-hidratação.
A realização de exames complementares deve seguir a mesma orientação para os demais pacientes. Os exames de raios-X podem ser realizados a critério clínico e não são contraindicados na gestação. A ultrassonografia abdominal pode auxiliar na avaliação de líquido livre na cavidade.
Lembrar que o aumento do volume uterino, a partir da 20ª semana de gestação, leva à compressão da veia cava. Toda gestante, quando deitada, deve ficar em decúbito lateral, preferencialmente esquerdo.
O diagnóstico diferencial de dengue na gestação, principalmente nos casos de dengue grave, deve incluir pré-eclampsia, síndrome HELLP e sepse, lembrando que eles não só podem mimetizar seu quadro clínico, como podem também estar concomitantemente presentes.
Na eventualidade de parada cardiorrespiratória durante a gravidez com mais de 20 semanas de idade gestacional, a reanimação cardiopulmonar (RCP) deve ser realizada com o deslocamento do útero para a esquerda, para descompressão da veia cava inferior. Considerar a realização de cesárea depois de 4 a 5 minutos de RCP, se não houver reversão da parada, com a finalidade principal de aliviar os efeitos da compressão do útero sobre a veia cava. De acordo com a viabilidade do feto, poderá haver também a possibilidade de sua sobrevida. O melhor tratamento para o feto é o adequado tratamento materno.
Fonte: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Dengue: diagnóstico e manejo clínico: adulto e criança. 5. ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2016. p. 38-39.
a) Dor abdominal intensa (referida ou à palpação) e contínua.
b) Vômitos persistentes.
c) Acúmulo de líquidos (ascite, derrame pleural, derrame pericárdico).
d) Hipotensão postural e/ou lipotimia.
e) Hepatomegalia maior do que 2 cm abaixo do rebordo costal.
f) Sangramento de mucosa.
g) Letargia e/ou irritabilidade.
h) Aumento progressivo do hematócrito.
Fonte: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Dengue: diagnóstico e manejo clínico: adulto e criança. 5. ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2016. p. 8.
Peso - 70kg
PA - 150 x 90 mmHg (sentada) / 140 x 90 (posição ortostática - em pé).
Prova do laço: negativa.
Tax - 38°C.
Abdômen - Abdômen gravídico, normotenso, dor à palpação do hipocôndrio direito. Peristaltismo preservado.
Abdômen - Vitalidade fetal: Batimentos cardíacos fetais presentes.
AR - Murmúrio vesicular fisiológico, sem ruídos adventícios. Eupneica.
AC - Bulhas cardíacas normofonéticas, RCR em dois tempos, sem sopros.
FC: 100 bpm.
Estado geral - Orientada, alerta, anictérica, hidratada no limiar, corada. Estado geral regular.